Os fenômenos observados no ano de 1848, na aldeia de Hydesville, nos Estados Unidos, despertaram tanto a atenção do público, que motivaram estudos rotulados à epoca como Espiritualismo Moderno. A família metodista dos Fox vivenciou acontecimentos inusitados: objetos movendo-se espontaneamente, golpes e pancadas sobre os móveis e as paredes, aparentemente sem nenhum tipo de interferência física.
As duas filhas do casal Fox, Margareth e Katie, que tinham, respectivamente, 12 e 15 anos, perceberam que os golpes não eram aleatórios, e criaram um código para estabelecer um contato inteligível com a força produtora dos sons, que se identificou como um Espírito. A notícia espalhou-se, rapidamente, pela região e por todo o país, transformando as irmãs Fox em figuras altamente conhecidas. O fenômeno ficou mundialmente conhecido e, na Europa, era produzido como curiosidade e passatempo de salão. Surgiram, assim, as primeiras reuniões em torno das mesas girantes.
Muitos cientistas se interessaram pelo estudo dos fenômenos espirituais. Nos Estados Unidos, o movimento espiritualista teve centenas de teóricos, estudiosos e médiuns, milhares de simpatizantes e adeptos. Obteve um rápido florescimento, sofrendo uma curiosa integração com diversos ramos do protestantismo.
Hippolyte-Léon Denizard Rivail, pedagogo francês, foi quem sistematizou as revelações ditadas pelos Espíritos, construindo um corpo teórico de natureza filosófico-científica. Rivail estudou no Instituto de Educação do Professor Pestalozzi, na Suíça e, depois de formado, foi, durante anos, professor, diretor de Liceu e escritor de livros de ciências, pedagogia e matemática. Preocupado com a investigação pedagógica, onde sobrepunha a razão a qualquer forma de afirmativa dogmática, fosse religiosa ou científica, defendia o direito de livre-exame em qualquer matéria, tanto de fé como em outra forma de conhecimento, combatendo a intolerância e o dogmatismo religioso.
Em 1855, Rivail foi convidado a freq
üentar sessões de comunicação espiritual e voltou sua atenção para o estudo dos fenômenos tidos como sobrenaturais. Após várias observações e experiências, concluiu que tais ocorrências não eram sobrenaturais, porque obedeciam a leis naturais ainda pouco conhecidas pelos homens. Entendeu que se abria a possibilidade de uma investigação direta sobre a condição da alma após a morte, a condição dos Espíritos e a prova definitiva da imortalidade da alma. Organizou sistematicamente seus estudos sobre a matéria, demonstrando a seriedade do assunto e, ao publicar o primeiro livro resultante do trabalho que efetuou: “O Livro dos Espíritos” (18/04/1857), assumiu o pseudônimo Allan Kardec, nome que, segundo informações espirituais, ele havia tido em uma antiga encarnação ao tempo dos Druidas. Com a publicação de mais quatro livros: O Livro dos Médiuns, O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno e A Gênese, Allan Kardec concluiu sua tarefa de lançar as bases de uma filosofia, cujo propósito é a renovação da humanidade, pela prática da moral cristã.